terça-feira, 28 de setembro de 2010

POEMA!

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha

Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.

E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.

O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.

A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.

Gregório de Mattos

terça-feira, 7 de setembro de 2010

NO DIA DA PÁTRIA, QUE ELA MORRA!

Tava pesquizando um trabalho de colégio e cheguei até essa crônica, acho que irão gostar:

No dia da Pátria, que ela morra!

Não engulo a ideia de patriotismo. “Pátria do homem é o mundo todo”, diz o anarquismo. Patriota pra mim é mulher dos peitos grandes. O nacionalismo é um câncer a corroer a humanidade.

Na Segunda Guerra Mundial, foi o nacionalismo alemão o criador dos piores horrores que o mundo já assistiu. O que é uma nação? Além de ficção política, a nação é opressiva e inútil. Em nome da ideia de nação, se cometem as piores barbaridades contra o ser humano.

Mário Vargas Llosa resume bem o que pensamos dos governos nacionais: “Se tivermos em conta o sangue que fez correr no decurso da história, o modo como contribuiu para alimentar os preconceitos, o racismo, a xenofobia e a falta de compreensão entre os povos e as culturas, o álibi que ofereceu ao autoritarismo, ao totalitarismo, ao colonialismo, aos genocídios religiosos e étnicos, a nação parece-me ser o exemplo privilegiado de uma imaginação maligna”.

Fábio Mozart